19/12/2008

Batem leve, levemente

Uma defesa oficiosa feita no dia de ontem ofereceu-me o presente da época.
Y., nado e criado algures no Sul de Portugal, veio ao Porto para um jantar de Natal da companhia. Mais um dos 59 mil que começam no fim de Novembro e parecem não ter fim. De escala na comarca, fui chamada para o defender. Condução com álcool, taxa de 1,50, nada de extraordinário, o pão nosso de cada dia por estas alturas. Haja vontade e que o fígado permita. Muito pouco pode ser feito, como quase todos imaginam, a menos que queiramos passar um atestado de burrice a quem está na sala... Mas há gente para tudo! Só é que, este arguido, para além de nunca ter tido qualquer problema com a justiça e nunca ter cometido alguma infracção estradal, só umas multas, sabe?, é que lá em baixo arranjar estacionamento não é fácil! A profissão que tem faz com que o uso da licença seja essencial. "Acha que fico sem a carta?". Não sei, não sou eu que decido, mas não se esqueça que a sanção pode ir até 2 anos. Só lhe posso dizer que tenha a firme certeza, Y., que farei o que é possível fazer. E assim fiz. Para além da multa, foi-lhe aplicada a sanção acessória de inibição de conduzir durante 4 meses, "atento quer o CRC do arguido e as razões apresentadas pela defesa". Uma coisa simples, é certo. A trivial lana caprina. Hoje, quando cheguei ao escritório tinha um email, dirigido pelo próprio, onde me agradecia a atenção dispensada e o acompanhamento dado ao caso. "Realmente não devemos acreditar nas notícias que circulam."
Logo hoje que tinha decidido com toda a força que só quero que esta época passe a correr e que todos fossem para a porra da ilha deles, percebi que ainda vale a pena acreditar no ser humano e que ainda vale a pena defender aquilo em que acreditamos. Com um simples obrigada, nada mais.

2 comentários:

filipe m. disse...

Sim, ainda há Pessoas neste mundo. São cada vez mais raras, mas ainda se encontram...

Patricia Lousinha disse...

:)