14/07/2012

Os backups de uma vida

“Parece que o ar já não cheira como antigamente… É, as coisas mudam.” 
Na Tailândia, até 2003, a execução era a tiro. Pelas costas. No coração. Para que a alma, quando saísse, não voltasse para assombrar o carrasco. 
A última foi em 12 de Dezembro de 2003. A partir daí começou a injecção letal. 
Tal como em matemática, também aqui, a ordem dos factores não alterou o produto. A pena de morte não deixou de existir. A diferença é que agora tudo é mais limpo, mas nem por isso mais luzidio… Na prisão de Tai Quan as gotas de sangue espalhadas pela parede ainda são visíveis. 

Estranhamente, quem se encarrega de alterar os meios utilizados para as sanções terrenas, tem a veleidade de acreditar, ainda que subliminarmente, que a limpeza das mesmas, as tornará imaculadas. Pobres coitados. Abençoada imutabilidade que se encontra na sabedoria de antanho, que nos diz que as pessoas enfrentarão as consequências dos seus actos. Não sendo hoje, um dia será… 

Perdidas, mas guardadas que estavam estas linhas, vêem hoje a luz do dia.
Em dia da Bastilha, que há coisas do caracinhas.

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