09/03/2009

Corre leve, levemente

Cheguei à cozinha e achei estranho ouvir água a correr. Passava a bom passar da meia-noite, tudo dormia, a Matilde ressonava e há muito que perdeu o hábito de desatar a abrir as torneiras como se não houvesse amanhã. Em bom rigor, foge delas a quatro patas e só suporta a mangueira no jardim em dias de muito calor ou a banheira no inverno porque a tal é obrigada.
Aqueci o habitual leite daquela hora e a água teimava em correr. Vizinhos estranhos estes, pensei eu, que a esta hora estão a lavar loiça. Se calhar são dos antigos, que ainda usam o tanque genuíno de pedra e levam mesmo a sério as indicações das etiquetas.
A água teimava em correr. Fui ao quarto-de-banho de serviço, tudo fechado, autoclismo também. Mas raio, não é cá de cima, que lá em cima não há noctívagos e a esta hora já estão no sexto sono. Só pode ser aqui os vizinhos novos, do prédio ao lado. Medo! Não há privacidade nenhuma, credo que é possível ouvir tudo! Peguei no tabuleiro e fui para a sala, no lado oposto da casa. Mesmo com a televisão ligada, ainda que no mínimo, que tudo dormia, continuava a ouvir a água. Cataratas! isto são cataratas, que não as oftalmológicas que aqui correm!
Eis que se fez luz, tal qual a oftalmologia. Levantei-me, abri a persiana e fui à marquise. A água saía com ímpeto, forma bonita de dar um ar literal a isto, no nosso tanque de pedra.
Sim, a torneira estava aberta e não, não eram pingos. Alguém, sendo que esse alguém até nem é estranho, esqueceu-se de fechar. Pelas minhas contas, assim terá ficado mais de três horas.
Quando agora acabei de contar o que se tinha passado, ouvi a resposta "eu ando mesmo esquecida, não ando?". Não mãe, é impressão tua...

4 comentários:

Anónimo disse...

Tadinha! :)

Lembrei a minha avó que gostava de café requentado (eca!) e esquecia no fogo. Cansou de jogar bules no lixo.

Patricia Lousinha disse...

:)
Se o Al Gore imagina, estou tramada! ;)

Menina Marota disse...

Ah... não sejas mazinha... podia ser pior... ;)

Beijinhos

Patricia Lousinha disse...

Mazinha? Moi? Até parece que não me conheces desde as fraldas, caraças! :)