22/09/2008

Onde é que está o cobre?

"Então Sr. Santos, a sua filha já chegou...
Não, não, chegou ontem, vem passar duas semanas!
Pois, já chegou. Todos sabemos que agora só cá vem para passar uns dias que a vida está toda lá, casada e tudo. Casou com um inglês ou é filho de portugueses que lá estão?
Não, não, ela está lá e não volta.
Pois Sr. Santos, é de lá... Escócia? Irlanda?
Não, não, é gerente menina, de uma empresa francesa. Aquilo é tão grande que tem de ir no monta-cargas, aquilo que leva as paletes, sabe?, quando vai de um lado para o outro..."

O Sr. Santos é electricista desde sempre, em bom rigor acho que já o era e ainda não me conhecia como pessoa.
Mas antigamente quase nunca era necessário recorrer ao Sr. Santos, muito raramente era preciso vir cá a casa. Mudam-se os tempos, nada escapa, mudam-se as comutações e disjuntores e até as contas da EDP.
Só não muda o Sr. Santos, que continua com a mesma surdez desde que me lembro dele, reza a história que desde nascença é assim, mas nunca ninguém deu muita atenção. A diferença é que nos outros tempos, nos dos fusíveis, ficava danada, era impossível manter um diálogo sem repetir 59 mil vezes a mesma frase. Logo eu que sempre tive uma veia de electricista dentro de mim, sempre a querer saber o porquê do fio verde e amarelo e o fio terra, onde está o fio terra, chata do caraças sempre a questionar tudo e mais alguma coisa e o Sr. Santos a querer trabalhar. E eu danada, porque tinha sempre que repetir e com tantas repetições as voltagens perdiam o fio condutor e os aparelhos não iriam funcionar.
Mudam-se os tempos, nada escapa. Hoje ficaria danada se fosse logo atendida. Sonotone, não te queremos aqui!

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