09/09/2008

As coisas como elas são

Os que me conhecem, sabem que 2005 foi um ano de viragem e passagem para a outra margem para moi même, sob os mais variados aspectos, se bem que todos, qual Rio que desagua, por aqui aterraram, sem medo de náuseas (ah, bela graçola esta ó Sr. Presidente!) no campo da saúde.
Nesse ano descobri que a minha querida vesícula, que em 30 anos de vida nunca tinha dado qualquer "olá como estás?", "tudo bem por cá e por aí também?", apesar dos disparates que sempre cometi - em bom rigor o silêncio já era um sinal... - era um calhau. Qual pedras & pedrinhas, qual carapuça! 95% da vesícula era O calhau, A pedra, ah pois que não fazemos a coisa por menos. Realmente sou trigo limpo, farinha amparo e what you see is what you get, a malta nasceu com uma pedrinha, que ao longo de 30 anos cresceu, botou corpo e ficou A pedra.
2005 foi o ano em que a extraí, depois de penar com dores incompreensíveis na coluna e no estômago durante quase meio ano. Através de uma colecistitectomia laparoscópica, bye bye pedra, olá admirável mundo novo sem ti no meu caminho! Agora que já passaram mais de 3 anos posso dizer "isso? ó isso é coisa tranquila, sem stress!" Se bem que já na altura o escrevi, quando não tiverem nada para fazer, façam uma ecografia abdominal, sim?
Isto tudo para dizer que o admirável mundo novo que descobri foi a "aversão", mas daquela que é simpática, a coisas que era doida e que comia como um alarve.
Mas hoje quando vi que era o belo do arroz de bacalhau que esperava por mim ao jantar, salivei. Salivei quase tanto quanto salivo ao pensar em garbanzo con espinacas. Salivei porque arroz de bacalhau sabe ainda melhor com ovo estrelado. Ovos esses que deixei de apreciar. Bolas mãe, com ovo estrelado é que é bom. Ovo estrelado? Mas tu já não comes ovos estrelados! Pois não, mas está a apetecer-me, que queres? Salivei tanto ou tão pouco que levantei-me para estrelar, não um, mas dois! Foi a loucura caraças e nunca o arroz de bacalhau me soube tão bem como hoje.

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