18/08/2008

As bocas do Mundo


No dia em que Cavaco Silva, O Presidente, promulgou o novo mapa Judiciário , moi même, cidadã (sim, o substantivo que nestes tempos anda nas bocas deste País à beira-mar plantado) cansada de tanto Sol na cútis, fez uma pausa na pausa sem ser preciso comer KitKat, só pode dizer que lamenta. Lamenta o autismo, o autoritarismo, a prepotência. Lamenta a mais valia do acto promulgação de um diploma. Este eterno hábito de tudo no mesmo saco. Tudo ao monte e fé nos que se seguem. Será que alguém vai prestar atenção ao que acontecerá em Alijó? Alguém sabe qual é a verdadeira pendência no respectivo Tribunal de comarca? E na de Cuba, Beja? E em Alcobaça, Leiria? E Carrazeda de Ansiães?! E não, não me lembrei de Alijó por causa da inesquecível história dos Bombeiros (que até levou Mafamude às bocas do Mundo) e muito menos por causa do Primeiro Ministro ser natural da freguesia de Vilar de Maçada, no concelho de Alijó, distrito de Vila Real... Lembrei-me porque sim. É do sol na moleirinha!
Sr. Professor Cavaco Silva, O Presidente, se não for pedir muito, só lhe peço que passe um dia nesses tribunais, nessas comarcas e depois reflicta, reflicta. É que se ainda for a tempo, pode ser que o seu reflectir tenha graça.

"...Não se mostra o trajecto a quem parte para se perder. Não se dá boleia a quem precisa de ir a pé...".

4 comentários:

Anónimo disse...

Curiosamente, Cavaco Silva (adiante CV.) não viu, neste diploma, a necessidade de convocar um sermão ao País.
Primeiro, leva-nos a pensar que está a perder a memória. Em discurso, antes, diz-nos que é aconselhável, nestas matérias, um amplo consenso nacional, através do voto representativo na Assembleia da República, depois, sem qualquer dúvida suscitada, promulga uma Lei aprovada, apenas, pelo Partido Socialista (PS.) e com toda a Oposição a manifestar-se contra em Plenário.
Depois, CV já não considera que a Democracia portuguesa esteja em risco, quando assina uma Lei que põe uma larga maioria dos cidadãos distantes dos tribunais. Uma Lei que resulta num pior acesso à Justiça, além das enormes dificuldades que cria na gestão dos recursos humanos que a esta prestam serviço.
Sobre estes aspectos, CV, não teve qualquer dúvida. Não precisou nem de consultar o Tribunal Constitucional, nem de falar ao País, naquele seu tom grave, profundamente preocupado com os poderes de um Povo.
Pudera, não se tratava, afinal, de um alargamento de procedimentos do Presidente da República, coisa que tanto irritou CV.
Esses sim, verdadeiramente, prejudiciais à Democracia.
Por outras palavras: mexer no Poder de um PR, mesmo que não lhos retirando, não, nunca deve ser feito, mas retirar poder ao Povo, limitar, restringir, condicionar o acesso, fazer com que gaste mais dinheiro para aceder à Justiça, esse verdadeiro pilar da Democracia, sempre e a todo o momento.
Cavaco Silva nunca me enganou.

Patricia Lousinha disse...

"Aprendiz de Jurista" (sim, li o seu comentário na In Verbis),
Parabéns pelo comentário e análise que mostra. Clara e concisa em relação ao verdadeiro drama do mapa judiciário.
De facto, só quem não tem noção daquilo que neste rectângulo à beira-mar plantado efectivamente acontece, é que poderá não ter críticas a apontar a este mapa.
Somos o eterno país dos remendos. Tal e qual a acção executiva: meia bola e força, isto vai para a frente e depois logo se vê. Tal e qual a alteração ao CPenal em Agosto passado, que já viu alterações, rectificações e republições das rectificações...

cristina amil disse...

Eu sinto-me verdadeiramente confusa do que são, hoje em dia, as prioridades do país. É que deve estar a escapar-me qualquer coisa mesmo muito importante...

Patricia Lousinha disse...

Não és a única!