13/01/2008

O Santo é nosso

Hoje, o primeiro domingo após o dia 10 de Janeiro é dia de S.Gonçalo.
Ao ritmo da música dos Mareantes do Rio Douro, a romaria percorre as ruas até chegar à Igreja de Mafamude onde se encontra com as Comissões Velha e Nova da Rasa.
E acreditem, aquilo é que são pulmões. E braços. A chuva? Chovia que Deus a dá, esta expressão já fez história e até estamos a falar de tradições.
Mas não há chuva que os detenha e muito menos obras do Metro que lhes troque as voltas e impeça a romaria de sair à rua. Para mal do meu sono profundo... E assim, os Mareantes do Rio Douro transportam ao som dos bombos a cabeça de S. Cristóvão, enquanto os festeiros das Comissões Nova e os da Velha da Rasa percorrem a freguesia com a cabeça de S. Gonçalo, cada um com a sua. Nada de promiscuidades nestas coisas, já basta a confusão de pessoas.
É tradição, que o é, por isso lá fomos para a varanda aqui de casa. O que é, cada vez mais, uma péssima ideia. Sim, que a vegetação e as árvorezinhas não param de crescer. É como a chuva, que Deus a dá.
E o Santo é nosso e é é é, gritavam os Mareantes, "palavra de honra se eu entendo esta berraria", disse eu. É festa Patrícia, é romaria e é tradição. "É porque é, portanto?" Ó, tu não percebes nada disto. "Agora vão descer aqui a rua e cruzam-se na Igreja de Mafamude e temos a missa", continuei eu. Claro, e o Santo entra de costas. Mas tu não percebes nada disto. É tradição, é romaria. É assim porque é. Sempre foi. E até é considerada uma festa pagã... "Pois mãe, tens razão. Eu não percebo mesmo nada disto." Vá, dá aí o porta-moedas que senhores têm de beber qualquer coisa quente. E é preciso dinheiro para a comissão de festas. Porque para o ano há mais. "Tipo o carnaval, no Brasil. Amealhar este ano para os festejos seguintes". Claro! "Pois mãe, tens razão, eu não percebo mesmo nada disto. Mas o Santo é nosso e é é é!"

O que eu sei é que esta romaria já despertou a atenção de escritores consagrados como Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós.

"Eça escreveu um conto sobre a festividade depois de a ela ter assistido em 1884, altura em que andava por terras de Gaia a fazer a corte a Emília de Castro Pamplona, filha dos Condes de Resende, com quem viria a casar.
Segundo se conta, a população ribeirinha atribui a S. Gonçalo o estatuto de "protector dos marinheiros e pescadores e santo das doenças dos ossos", enquanto que S. Cristóvão é tido como "protector dos barqueiros do rio".
Um terceiro santo homenageado nesta romaria, mas geralmente não referenciado nos cartazes promocionais, é S. Roque, que em tempos idos "era protector dos carpinteiros navais e calafates, além de protector contra a peste".
Com origens remotas, esta romaria foi incorporando diversas manifestações religiosas e populares, algumas já da Idade Média, e outras mesmo de alguns séculos antes de Cristo.
Sabe-se que no século XVIII esta festa foi aproveitada para afirmar em Mafamude a antiga autonomia de Gaia face ao bairro de Vila Nova, que era administrado pelo Porto.
As fardas, as marchas ordenadas e o rufar dos tambores fazem parte da festa desde que o Batalhão de Mareantes do Rio Douro se notabilizou em 1832 quando defendeu D. Pedro IV que estava cercado no Porto."

Está decidido, vou comprar o livro, porque o Santo é Nosso, e é é é! e ver se encontro a Tese de doutoramento do Padre Arlindo de Magalhães.
Ah, a tradição é tradição e agora ao fim do dia, a chuva está a parar...

1 comentário:

ANTONIO LOPES disse...

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