21/07/2004

O fatal erro azul ou o drama da cor do erro

Ligar o computador e começar a organizar as ideias sobre as primeiras coisas a serem feitas é, digo eu, tarefa diária e quase automática que temos quando nos sentamos frente ao monitor.
Estava moi même nessa árdua tarefa de organização do pensamento (coisa difícil nos dias que correm), quando, depois de arrancar o mesmo (leia-se computador) "alguém" desligou a chave e o carro foi ao ar...
Ao ar não foi, caso contrário não estaria a escrever, mas para dar aquele ar dramático da coisa, foi ao ar e não se fala mais nisso.
Terça-feira, dia 13 (quem disse que o azar"treziano" só aparece às sextas? Por acaso acho que é como o Natal, estilo quando o Homem quer e o raio, mas isso já sou eu a divagar e não interessa nada...), onze e pouco da manhã, o meu computador fez "puff" (não o the magic dragon, sempre seria mais musical, ritmado e ganzado...).
"Ok Patrícia, nada de stress", "vamos com calma, isto até é cíclico", "os windows têm destas merdas, não nos vamos assustar com um reles erro azul", "nós somos capazes de dominar o animal, fazemos os backup's em modo de segurança", tá bem que eles devem ser sempre feitos, mas que tu, teimosamente insistes em assobiar para o lado e passar à frente, repetindo para ti mesma, amanhã faço...
Isto é tudo muito bonito de escrever, mas fazer, nem por isso.
Após algumas tentativas, nada funcionava. Mal arrancava e escolhia o modo de segurança, ou o modo de segurança com rede, ou com linha de comandos, nada! Zero! Uma batata! Tal qual o equilíbrio orçamental que o Professor Mâncio nos ensinava...
Computador off! E porra, estivemos nós a trabalhar até às 4 da manhã de segunda para terça, com o fim do ano judicial a três dias de aparecer, e lá foi ao ar tudo o que na madrugada anterior tinha sido feito...
Não consigo descrever detalhadamente o meu estado e os impropérios que proferi. Compreende-se... ainda estou em fase de reabilitação da desgraça da final de 4 de Julho!
É desta que vamos comprar uma maçã! Ah! Meu ignóbil, torpe e reles windows, desta não passarás!
Tratei logo de colocar o meu irmão Paulo ao corrente da tragédia. E lembrei-o da conversa que tínhamos tido nesse fim-de-semana em Aveiro: "sabes? vou mesmo comprar um Mac". O espaço não é suficiente para descrever o gáudio com que o meu irmão recebeu estas minhas palavras.
Quando lhe contava a desgraça ainda lhe disse: será que isto é uma premonição? Do outro lado do telefone ouço uma gargalhada. Curiosamente não de gozo nem sarcástica. De felicidade, mesmo. Como quem diz: Que bom! Mais uma mac user neste planeta e, ainda para mais, do meu sangue! Enfim, os sportinguistas ficam felizes com estas coisas...
De tal maneira fiquei, que, depois de refazer o que tinha estado a fazer até às tantas da madrugada, e depois de vaguear sem rumo (vaguear sem rumo é bonito... a coisa fica mesmo com um ar dramático, bolas...), liguei ao Paulinho e fugi para Aveiro! Literalmente fugi!
Aveiro tem em mim esta capacidade suprema de me devolver paz de espírito. Palavra de honra que não fumo charros, nem ando a tomar comprimidos. É uma paz quase impossível de explicar. Tudo é diferente. O ar é diferente (não sei porquê mas quando digo isto começam logo a mandar piadas sobre a Ria). O mar é mais azul (raios, azul não, que me lembra o erro fatal windows!). Tem mais brilho, seja. Até o céu é diferente. É mágico. Sem mais, é mágico.
Depois de 48 horas a respirar essa tranquilidade tive de regressar. Para além de trabalho a ser feito, no dia seguinte, sábado, um casamento de amigos chamava-me ao mundo real... (quer dizer, com tanta curva e contra curva no caminho para o mesmo, não sei se é bem real. Mas acreditem que as ouras que senti foram bem reais! Mas isso fica para outro post...).
E finalmente nesta madrugada de terça-feira, quase oito dias passados, cá está ele de novo em funcionamento.
Até ao próximo erro azul. Quase fatal...
Tudo foi recuperado, formatado e reinstalado.
Mas a maçã, essa, será comprada. Agora sem tantos stresses, claro. E portátil, que é tão bonitinha...
Moral da história: fazer sempre (como eu detesto o raio do "sempre" e do "nunca") backup's e, quando a fatalidade da tonalidade azul aparecer pelos nossos monitores dentro, fugir para Aveiro e respirar fundo durante 48 horas!
Nota: A quantificação horária pode ser ajustada às necessidades de cada um...
 
 

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem dito e muito inspirado!
É que só quando estamos aflitos é que pensamos naquilo que poderia (e devia) ter sido feito. Mas o ser Humano é sempre assim. Nada a fazer. (Salvo raras excepções, claro!)
O importante é que desta forma se possa aprender com os erros.
Pelo menos teve um ponto positivo: vai comprar um computador novo!
É pena é que nem toda a gente tenha esses sítios onde se possa refugiar para "esquecer" os problemas. Ah, se não houvesse tanto trabalho a fazer... TAmbém eu arranjava em refúgio. Onde nada incomodasse e onde se pudesse fazer tudo sem compromissos ou horários a cumprir.

Anónimo disse...

É azul? houve problema? tou ja a imaginar os mouros a dizerem: tem mão do Pinto da Costa...

molin disse...

Pois o meu não pifou, mas não lhe vou dar esse gostinho de pifar antes de ser substituído.

Não tenho blue screens nem tenho essa relação de amor/ódio (qual amor?) com fábrica de salsichas da Microsoft. Não tenho. É verdade, que vou fazer?

Mesmo assim, há-de vir (está para vir!) uma maçã! Algum dia temos que nos emancipar. Evoluir. Esse dia está para chegar. Vai ser o meu desembarque da Normandia...

Parabéns pelo texto, Patrícia. Genial! ;)